O CDI pode reduzir a mortalidade em pessoas com insuficiência cardíaca?

Victor Duque Estrada Zeitune o CDI pode reduzir a mortalidade em pessoas com insuficiência cardíaca

O cardiologista Victor Duque Estrada Zeitune analisa o impacto do uso de cardioversores-desfibriladores implantáveis (CDI) em pacientes com o distúrbio

Um artigo científico publicado pelo BMC divulgou um estudo realizado em novembro de 2024 com 5.450 pacientes que tinham insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) e estavam em uso da terapia medicamentosa otimizada com as quatro classes de medicações recomendadas pelas diretrizes.

Nesta análise, pessoas que tinham um cardioversor-desfibrilador implantável (CDI) foram comparadas a pacientes sem o dispositivo. O CDI é semelhante a um marca-passo, mas com a capacidade adicional de aplicar choques elétricos ao coração quando detecta ritmos cardíacos perigosos.

O dispositivo monitora constantemente o ritmo cardíaco e, se necessário, pode aplicar estímulos leves para corrigir ritmos anormais ou administrar um choque elétrico (desfibrilação) para restaurar o ritmo normal do coração. O CDI é indicado para pacientes com alto risco de arritmias fatais.

Sobre a fração de ejeção reduzida (ICFER)

A análise também examinou o impacto do CDI na mortalidade de pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida, condição em que o coração apresenta dificuldade para bombear o sangue de forma eficiente. A fração de ejeção (FE) representa a porcentagem de sangue que o ventrículo esquerdo ejeta a cada contração em relação ao seu volume total.

O estudo abrangeu pacientes que receberam o CDI tanto para prevenção primária quanto secundária. Esse dispositivo é uma tecnologia importante na cardiologia moderna, desempenhando um papel crucial na prevenção da morte súbita e na melhoria da qualidade de vida de indivíduos com doenças cardíacas graves.

Exemplo de posicionamento do cardioversor-desfibrilador implantável (CDI)

Atualmente, pacientes com ICFER são tratados com uma combinação de quatro classes de medicamentos, que já são comprovadamente eficazes na redução da mortalidade. No entanto, alguns estudos anteriores sugeriram que adicionar um CDI pode trazer benefícios adicionais, especialmente na redução de mortes súbitas.

Métodos e resultados do estudo

Dos 5.450 pacientes avaliados no estudo, 709 tinham dispositivos e estavam em uso de terapia medicamentosa otimizada, sendo 484 com CDI e 225 com ressincronizador, ou cardiodesfibrilador com terapia de ressincronização cardíaca (CDI-TRC), um dispositivo implantável usado para tratar pacientes com insuficiência cardíaca e descompasso na contração dos ventrículos.

No perfil dos pacientes participantes do estudo, aqueles que faziam apenas terapia medicamentosa eram mais velhos e apresentavam maior prevalência de pessoas do sexo feminino. A maioria dos pacientes do grupo CDI tinha histórico de infarto, fibrilação atrial e níveis mais elevados de NT-proBNP, biomarcador utilizado para avaliar a função cardíaca.

Avaliação individual para uso do CDI

Os resultados mostraram uma leve redução na mortalidade para os pacientes com CDI, principalmente em subgrupos específicos, como idosos e aqueles sem fibrilação atrial. Para algumas pessoas com insuficiência cardíaca, o cardioversor-desfibrilador implantável pode reduzir o risco de morte; no entanto, o benefício não é igual para todos, de modo que a decisão de usá-lo deve ser feita caso a caso.

A mortalidade constatada foi de 17,4% no grupo de terapia medicamentosa e 16,3% no grupo CDI. A redução absoluta do risco foi pequena e pode ter ocorrido devido ao número menor de pacientes na amostra. Porém, alguns subgrupos tiveram um benefício maior, o que sugere que a indicação do dispositivo deva ser individualizada e recomendada para os grupos com maior risco.

Por fim, o estudo revelou que o uso do CDI reduz a mortalidade por todas as causas em pacientes com insuficiência cardíaca e ICFER que estão em tratamento otimizado com terapia quádrupla. Além disso, o benefício parece ser mais expressivo em determinados subgrupos, como idosos, pacientes sem fibrilação atrial, aqueles com menor taxa de filtração glomerular e os que fazem uso do medicamento amiodarona.

Especialista consultado 

O médico Victor Duque Estrada Zeitune é um cardiologista natural do Rio de Janeiro com especializações em Cardiologia Clínica e vasta experiência em tratamentos cardíacos. Atuou em cargos de liderança, como diretor hospitalar e chefe de UTI, além de consultor em serviços de emergência.

O especialista também possui formação em Gestão de Saúde Empresarial. Em 2008, recebeu a Medalha Tiradentes da ALERJ por sua dedicação à saúde pública. Atualmente, o Dr. Victor Duque Estrada Zeitune é cidadão e investidor no Reino Unido, onde continua aplicando sua expertise em novos projetos.

Fotos:

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