Cometa com cauda verde: por que não conseguimos ver?

Cometa com cauda verde

Cometa com cauda verde, ao se aproximar e se afastar do sol, apresenta uma metamorfose de cores

Apesar de ter câmeras e outros equipamentos adequados para registrar um cometa, muitos têm a ideia de que se trata de um cometa com cauda verde. Isso porque vários fotógrafos conseguiram uma imagem com núcleos (ou cabeças) em verde brilhante. Porém, de modo curioso, o tom verde desaparece de acordo como observamos a cabeleira e a cauda do cometa.

Cometa com cauda verde

Em relação a este fenômeno em torno do cometa com cauda verde, astrônomos, físicos e químicos discutem o porquê desse desaparecimento da cor verde no espaço há quase um século.

Já na década de 1930, o físico Gerhard Herzberg teorizou que o fenômeno aconteceria conforme a luz solar fosse destruindo o carbono diatômico (dicarbono ou C2). Ela é uma molécula criada a partir da interação entre a luz solar e a matéria orgânica na cabeça do cometa.

Entretanto, como o dicarbono não é estável, esta teoria mostrava-se difícil de testar.

Por outro lado, agora, cientistas da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, liderados por Jasmin Borsovszky, finalmente encontraram um meio de realizar este experimento e colocar a teoria de décadas passadas à prova.

Dicarbonato

O dicarbonato é formado por dois átomos de carbono. Porém, é altamente reativo, podendo ser encontrado apenas em ambientes extremamente energéticos ou com pouco oxigênio, como estrelas, cometas e o meio interestelar.

Mas é preciso ter em mente que este composto não existe nos cometas até que eles se aproximem do Sol. Sendo assim, a teoria diz que quando o Sol começa a aquecer o cometa, a matéria orgânica em seu núcleo evapora e entra pela coma. Em seguida, a luz solar quebra essas moléculas orgânicas maiores, criando o dicarbono.

Recriando a teoria

Portanto, para recriar tal teoria, Borsovszky montou um experimento usando três lasers potentes, para prover a energia, uma câmara de vácuo, para simular o espaço interestelar, e uma molécula orgânica, para simular o que é liberado conforme o núcleo do cometa é aquecido.

Sobre isso, o professor Timothy Schmidt explicou:

“Primeiro tivemos que fazer essa molécula que é muito reativa para ser armazenada em uma garrafa. Fizemos isso pegando uma molécula maior, conhecida como percloroetileno, ou C2Cl4, e atingimos seus átomos de cloro (Cl) com um laser UV de alta potência.”

Teoria confirmada

As moléculas recém-fabricadas eram imediatamente carregadas por meio de um feixe de gás na câmara de vácuo, que possui em torno de dois metros de comprimento.

Então, a equipe indicou outro dois lasers ultravioleta para o dicarbonato: um para inundá-lo com radiação e o outro para tornar seus átomos detectáveis. E o impacto da radiação de fato rasgou o dicarbono, por um processo conhecido como fotodissociação, com seus átomos de carbono indo direto para um detector.

Portanto, a teoria de Herzberg se confirmou. Ou seja, de que o dicarbono faz a cabeça do cometa brilhar em verde, o mesmo ocorre em sua cauda.

A conclusão é que quando o cometa se aproxima do Sol, a radiação ultravioleta extrema quebra as moléculas de dicarbono que a própria radiação acabou de criar por fotodissociação.

Tal processo destrói o dicarbono antes que ele possa se mover para longe do núcleo, fazendo com que a coma verde fique mais brilhante e encolha – e garantindo que o tom verde nunca chegue à cauda.

*Foto: Divulgação/Adam Block/University of Arizona

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