O setor de tecnologia sempre foi protagonista das grandes disrupções recentes. Agora, essa mesma área passa por uma mudança tão ou mais intensa do que as que provocou no mundo corporativo. A inteligência artificial, segundo o Guia Salarial da Robert Half divulgado pela Você S/A, deixou de ser tendência para se tornar eixo central da operação e da estratégia das empresas.
No momento atual, a demanda por soluções de IA é crescente e irreversível. Até que novas tecnologias surjam, tudo indica que a inteligência artificial continuará sendo o assunto dominante — e o principal motor de contratação — dentro do universo tech.
Em consequência, profissionais de tecnologia não têm alternativa: precisam dominar IA para se manter competitivos. As posições mais promissoras do setor, hoje, estão direta ou indiretamente conectadas ao uso e ao desenvolvimento de inteligência artificial.
Mas isso não significa que o mercado se resume à IA. A digitalização acelerada abre oportunidades em outros segmentos igualmente relevantes, exigindo atenção a movimentos paralelos e à ampliação de repertório técnico.
Educação: um campo em ascensão alimentado por tecnologia
Entre os setores que mais crescem na contratação de talentos está a educação — movimento impulsionado por transformações estruturais nos últimos anos, especialmente desde a pandemia. De acordo com os dados citados pela Robert Half, em 2024, 50,7% das matrículas em cursos de graduação no Brasil foram feitas no formato EaD.
Esse salto do ensino a distância amplia o acesso ao ensino superior, mas também cria uma vasta demanda por infraestrutura digital. Plataformas de aula ao vivo, ambientes virtuais robustos e sistemas automatizados dependem de equipes especializadas.
A gerente de recrutamento da Robert Half, Elisa Jardim, explica que o EaD é “100% tecnologia” e só funciona com arquitetura sólida, estabilidade de rede e segurança reforçada. Isso exige profissionais qualificados em desenvolvimento, arquitetura de sistemas e cibersegurança para manter operações estáveis e escaláveis.
Finanças e cibersegurança: mercados que seguem acelerando
Outro destaque do Guia Salarial é o setor financeiro. O Brasil tem um ecossistema vibrante de fintechs, e o número dessas empresas cresceu 77% desde 2020. A projeção para 2030 é de aproximadamente 3 mil fintechs ativas no país, consolidando o Brasil como líder latino-americano no segmento.
Com isso, a procura por especialistas em tecnologia continua avançando. Ambientes altamente regulados e com grande volume de transações exigem soluções robustas — do back-end ao front-end, passando por ciência de dados e sistemas antifraude.
Já a cibersegurança aparece como uma das áreas mais críticas e carentes de mão de obra. A especialista da Robert Half, Viviane Sampaio, destaca que o ritmo das ameaças digitais é tão rápido que profissionais precisam estudar continuamente para acompanhar novas vulnerabilidades. A demanda é muito maior do que a oferta de talentos preparados, o que torna a carreira promissora e bem remunerada.
IA e comportamento: o novo perfil do profissional de tecnologia
Não há como debater o futuro do trabalho em tecnologia sem falar da inteligência artificial. O impacto vai além das competências técnicas: modifica também o papel do profissional dentro da empresa.
Segundo Sampaio, quem trabalha com IA precisa entender como utilizar a ferramenta para otimizar processos, e não apenas executá-los. Isso desloca o foco das funções operacionais para posturas mais estratégicas, que envolvem análise crítica, autonomia e capacidade de resolução de problemas.
O profissional que antes era valorizado pela execução passa a ser reconhecido pela capacidade de direcionar, pensar soluções e usar a IA como amplificadora de desempenho.
A corrida por especialistas em IA
A inteligência artificial é também uma das áreas que mais oferece oportunidades e salários elevados. Como o campo começou a ganhar tração há poucos anos, praticamente não existem seniors tradicionais. Profissionais que migraram para IA há três anos — vindos majoritariamente de Python e análise de dados — já são considerados especialistas.
Essa escassez leva empresas a oferecer pacotes agressivos para contratar e reter talentos, ampliando a faixa salarial.
Para quem deseja ingressar na área, os conhecimentos fundamentais citados no Guia Salarial incluem:
- Programação em Python
- Análise e engenharia de dados
- Ferramentas de machine learning
- Conceitos de big data
A formação continuada e a participação em projetos práticos tornam-se diferenciais decisivos.
Panorama de contratações segundo o Guia Salarial Robert Half
Setores que mais contratam talentos de tecnologia
- Educação
- Indústria
- Mercado financeiro
- Óleo e gás
- Startups
Áreas funcionais com maior demanda:
- Segurança da informação
- Redes
- Infraestrutura
- Desenvolvimento de software e aplicações
Cargos mais procurados:
- Analista de Segurança da Informação
- Analista de Sistemas
- Arquiteto(a) de Software
- Desenvolvedor(a)
- Gerente de Produto
Habilidades técnicas mais escassas e valorizadas
- Cloud
- Data Science e gestão de bancos de dados
- Administração de redes
- Desenvolvimento de software
Competências que garantem salários acima da média
- Segurança da Informação e Gestão de Riscos
- Desenvolvimento de Software
- Inteligência de Mercado
- Cloud Computing
Habilidades que os profissionais querem aperfeiçoar:
- Desenvolvimento de software com IA
- Plataformas de nuvem
- IA generativa
- Linguagens de programação
Fonte: Você S/A
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