Falta de consenso e envio de financiamentos colocam em questão a continuidade do projeto que visa desenvolver o Futuro Colisor Circular
O projeto para a construção de um colisor de partículas de grande porte segue em boa direção, mas, caso não seja aprovado o financiamento necessário, a China pode ultrapassar a Europa e assumir a liderança mundial na área da física, afirmou Fabiola Gianotti, diretora do CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), em comunicado divulgado em março de 2025.
Ela destacou que existe uma competição real, especialmente com o país asiático. De acordo com Gianotti, se o projeto do Futuro Colisor Circular (FCC) não avançar, existe um risco significativo de a Europa perder a liderança nas ciências fundamentais, especialmente na física de partículas de alta energia e nas tecnologias associadas.
Acelerador de partículas FCC
O local planejado para a construção do novo acelerador de partículas, na fronteira entre França e Suíça, já está demarcado, e a localização do LHC (Grande Colisor de Hádrons) também pode ser observada ao lado. O LHC, que está em operação em um laboratório subterrâneo entre os dois países, foi responsável por uma importante descoberta em 2012, ao possibilitar a observação do Bóson de Higgs pela primeira vez.
O novo projeto de acelerador de partículas visa ampliar o conhecimento obtido com o LHC e terá um custo estimado de 15 bilhões de euros (R$ 93 bilhões). A expectativa é de que ele comece a operar a partir de 2040.
Para isso, os cientistas planejam a construção de um anel de 90,7 quilômetros de circunferência, a uma profundidade média de 200 metros, conforme informou o Cern após avaliar cerca de cem diferentes possibilidades.
Grande Colisor de Hádrons
O Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) é o maior acelerador de partículas do mundo, localizado no CERN, na Suíça. Ele tem a missão de estudar as partículas subatômicas e as forças fundamentais que governam o universo, colidindo átomos de hidrogênio a velocidades próximas à da luz.
Essas colisões geram condições semelhantes às que existiam nos primeiros momentos após o Big Bang, permitindo aos cientistas investigarem fenômenos como a origem da massa e a natureza da matéria escura. Sua importância vai além das descobertas científicas diretas, pois também impulsiona inovações tecnológicas e metodológicas, com impactos em áreas como medicina, computação e engenharia.
Desafios do projeto
A diretora do CERN afirmou que, até o momento, não existem “obstáculos técnicos” para a realização do projeto e incentivou os países a investirem os recursos necessários para dar andamento ao seu desenvolvimento.
No entanto, o alto custo do projeto representa um desafio, pois os Estados-membros do CERN — 23 países europeus e Israel — têm até 2028 para decidir se irão financiar a iniciativa. A Alemanha, maior contribuinte do laboratório, demonstrou suas reservas no ano passado quanto ao valor solicitado.
Breve história do CERN
O CERN foi fundado em 1954 por 12 países europeus com o objetivo de promover a pesquisa científica em física de partículas. Sua criação surgiu como uma resposta ao crescente desejo de colaboração internacional após a Segunda Guerra Mundial e à necessidade de recursos para impulsionar a ciência de ponta.
Inicialmente, o CERN tinha como missão investigar os mistérios da matéria e da estrutura do universo, utilizando aceleradores de partículas. Ao longo das décadas, a organização se expandiu, tanto em termos de infraestrutura quanto de número de países membros, tornando-se um dos maiores centros de pesquisa científica do mundo.
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