Brasileira viraliza ao explicar riscos da inteligência artificial nas redes sociais

Brasileira viraliza ao explicar riscos da inteligência artificial nas redes sociais

Reconhecer quando uma imagem é produzida por inteligência artificial, entender como golpistas utilizam a tecnologia ou identificar perigos em “trends” que solicitam fotos pessoais deixou de ser um debate restrito a especialistas. Esses temas entraram de vez no cotidiano digital e têm sido traduzidos para o grande público pela brasileira Catharina Doria, que viralizou nas redes ao ensinar como navegar nesse ambiente com mais segurança.

Com uma abordagem direta e didática, a criadora de conteúdo, especialista em letramento em IA, acumulou mais de 200 mil seguidores em menos de um ano no Instagram. Muitos de seus vídeos superam a marca de 1 milhão de visualizações, refletindo o tamanho do interesse — e da preocupação — das pessoas com o avanço acelerado dessas tecnologias.

Conteúdo simples, impacto imediato

A trajetória de Doria nas redes ganhou força após um vídeo que se tornou o primeiro de uma série de postagens sobre identificação de conteúdos sintéticos. No material, ela desafia o público a descobrir qual dos vídeos mostrados era real e qual havia sido totalmente criado por IA.

“Parece fácil, mas é muito difícil”, afirma no vídeo, em que apresenta trechos com uma youtuber, uma cantora e um streamer de games. Nenhum deles era verdadeiro. Em seguida, ela reforça o alerta: “Você precisa treinar seu cérebro para se proteger dessa tecnologia”.

O vídeo marcou o início de um formato que se tornaria sua assinatura. Em entrevista à BBC News Brasil, Doria explicou o propósito da série: “Fiz o vídeo para poder adicionar senso crítico na cabeça das pessoas, de que vários vídeos que estamos vendo online são feitos com IA — e como eles conseguem detectar que foi feito por IA”.

A postagem inicial ultrapassou 60 mil visualizações e impulsionou novas publicações que ampliaram sua presença digital. Seu conteúdo, sempre estruturado em exemplos práticos e orientações sobre riscos, conquistou seguidores que buscam entender e se proteger de manipulações.

Privacidade em foco: do aspirador robô ao uso de imagens pessoais

Entre os temas que mais repercutiram nos últimos meses está um vídeo sobre robôs aspiradores. A criadora alerta para o risco de esses dispositivos coletarem informações pessoais e até registrarem imagens dentro de casa, especialmente em locais sensíveis.

“Nunca confie no seu aspirador robô! Talvez nada aconteça. Mas talvez aconteça. E tenho certeza de que você não quer ser a pessoa cuja foto no BANHEIRO vaza”, diz ela no vídeo, publicado em inglês.

A discussão sobre privacidade envolvendo esses aparelhos já havia sido abordada anteriormente por veículos de imprensa, incluindo a BBC News Brasil, o que reforçou a relevância do alerta. O vídeo de Doria, no entanto, levou o tema a um público mais amplo, especialmente entre usuários que desconheciam o potencial de captação e armazenamento de dados por dispositivos domésticos.

Além dos gadgets conectados, Catharina chama atenção para desafios aparentemente inofensivos, como as tendências que convidam pessoas a gerar versões animadas de si mesmas — muitas inspiradas no estilo do estúdio Ghibli. O risco, segundo ela, está na entrega de dados biométricos e faciais a plataformas cujo uso final nem sempre é divulgado com clareza.

Da denúncia ao letramento digital

Muito antes de se tornar referência em explicação sobre IA, Catharina Doria já mostrava interesse em tecnologia como ferramenta social. Aos 16 anos, ela desenvolveu um aplicativo para denunciar casos de assédio sexual depois de vivenciar uma situação semelhante na rua. O projeto ganhou repercussão e foi destaque em diferentes meios de comunicação.

“Sempre trabalhei com essa questão da tecnologia positiva. Mas não sabia que ia chegar na IA”, disse à BBC News Brasil ao relembrar o início da trajetória.

Hoje, seu foco está em traduzir o “caos da IA” — termo que ela mesma utiliza — para um público que, segundo afirma, ainda não sabe como lidar com o impacto dessas ferramentas no dia a dia. A criadora percebe uma lacuna entre a velocidade do avanço tecnológico e o preparo das pessoas para se protegerem.

SEO: educação digital e segurança online ganham protagonismo

A busca crescente por termos relacionados à identificação de deepfakes, golpes com IA, proteção de dados e segurança digital impulsiona o alcance do conteúdo produzido por influenciadores especializados na área. Nesse cenário, o trabalho de Doria se destaca por unir didática, exemplos reais e uma linguagem que aproxima o público de questões técnicas.

Seu perfil se transforma, assim, em uma referência para quem busca informações sobre como reconhecer conteúdos falsos, evitar golpes digitais, proteger dados pessoais e navegar na era da inteligência artificial com responsabilidade.

Com vídeos que unem clareza e humor, Catharina mostra que entender o funcionamento da IA não é exclusividade de especialistas — e que acompanhar esse debate é essencial para qualquer pessoa conectada.


Fonte: BBC News
Foto: https://br.freepik.com/fotos-premium/homem-de-negocios-segurando-chatbot-digital-inteligencia-artificial-ai-com-hacking-e-alerta-de-alerta-cibernetica_94627560.htm

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