O ano de 2025 entrou para o histórico recente da tecnologia como um período de amadurecimento acelerado da inteligência artificial e de consolidação dos dispositivos vestíveis. Dois movimentos caminharam em paralelo e se reforçaram mutuamente. De um lado, ferramentas de IA passaram a produzir vídeos e imagens com grau de realismo inédito. De outro, óculos inteligentes deixaram de ser protótipos experimentais e começaram a ocupar espaço no cotidiano de usuários e empresas.
Na frente da inteligência artificial, o salto mais perceptível ocorreu na criação de conteúdo visual. Plataformas como o Veo 3, desenvolvido pelo Google, e o Sora, da OpenAI, ampliaram o alcance da geração de vídeos por IA, entregando resultados que se aproximam cada vez mais da linguagem cinematográfica tradicional. Movimentos naturais, iluminação coerente e noções físicas mais precisas passaram a fazer parte dessas produções automatizadas.
A evolução não se restringiu à estética. Os sistemas começaram a interpretar melhor conceitos básicos do mundo real, como peso, profundidade e deslocamento, reduzindo falhas que antes denunciavam o uso da tecnologia. Esse avanço alterou a percepção do público e do mercado sobre o potencial dessas ferramentas, sobretudo em áreas como publicidade, entretenimento, educação e comunicação corporativa.
“Antes os vídeos não conseguiam ler a gravidade e hoje eles já conseguem. São hiperrealistas”, explicou Marcelo Tripoli, comentarista de inovação da CNN Brasil.
A fala resume um consenso que se formou ao longo do ano entre especialistas. A inteligência artificial deixou de ser vista apenas como um recurso experimental e passou a ser tratada como parte estrutural da cadeia de produção de conteúdo digital. Empresas de mídia, agências e criadores independentes começaram a incorporar essas soluções em seus fluxos de trabalho, reduzindo custos e prazos.
Além dos vídeos, a geração de imagens por IA também avançou de forma expressiva. A tecnologia conhecida como Nano-Banana, apresentada pelo Google, chamou atenção pela capacidade de criar imagens altamente detalhadas e visualmente consistentes. Em muitos casos, tornou-se difícil distinguir se o material havia sido produzido por um fotógrafo, ilustrador ou por um sistema automatizado.
Esse nível de sofisticação reacendeu debates sobre direitos autorais, transparência e uso responsável da tecnologia. Ao mesmo tempo, abriu novas possibilidades para setores que dependem de produção visual em larga escala, como comércio eletrônico, arquitetura, design e marketing digital. Em 2025, a discussão deixou de ser se a IA seria capaz de criar imagens realistas e passou a ser como e quando utilizá-las.
Óculos inteligentes ganham espaço no dia a dia
Se a inteligência artificial redefiniu a criação de conteúdo, os dispositivos vestíveis foram responsáveis por transformar a forma de acessar essas informações. Ao longo de 2025, wearables como anéis, pulseiras e relógios inteligentes evoluíram em precisão e integração. No entanto, foram os óculos inteligentes que concentraram maior atenção do mercado.
A Meta foi uma das empresas que mais investiram nesse segmento. Os modelos apresentados ao longo do ano passaram a integrar câmeras, microfones e assistentes de IA, permitindo comandos por voz, registro de imagens e acompanhamento de atividades diárias. O design também avançou, aproximando os dispositivos de óculos convencionais usados no dia a dia.
A principal novidade foi a chegada de óculos inteligentes com tela integrada, capazes de exibir informações diretamente no campo de visão do usuário. “O Meta é que tem uma tela e que você consegue estar usando um óculos transparente, um óculos de moda normal e ao mesmo tempo estar vendo informações como um layer de informação”, destacou Tripoli.
Na prática, isso significou a possibilidade de acessar notificações, mapas, dados contextuais e respostas de assistentes virtuais sem recorrer ao celular. A proposta de computação espacial, antes restrita a demonstrações conceituais, começou a ganhar aplicações reais, especialmente em ambientes corporativos, logística, manutenção técnica e treinamento.
A combinação entre inteligência artificial avançada e dispositivos vestíveis mais discretos indicou um movimento claro da indústria. Em vez de telas maiores, a aposta passou a ser na integração fluida entre tecnologia e rotina. Em 2025, vídeos hiperrealistas e óculos inteligentes não foram apenas tendências. Eles sinalizaram uma mudança estrutural na forma como o digital se insere na vida cotidiana.
Fonte: CNN Brasil
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